terça-feira, 20 de dezembro de 2011

"LUA DE FEL": O Triângulo Amoroso entre Roman Polanski, Hugh Grant & Adam Phillips


“Cuidado. Não há nada que você faça que eu não possa fazer melhor!"

Há um bom tempo atrás, quando eu tinha, mais ou menos, uns 16 anos (faço 36 anos agora, em 07/01) eu ouvi falar - numa propaganda do SBT, que passaria em sua programação o filme chamado "Lua de Fel" - "Bitter Moon" em inglês; filme produzido em 1992... 

Eu, jovem, cheio de testosterona, quando vi as cenas tórridas de amor, na propaganda, pensei: "tenho que ver!". :c)

Ali, numa rápida análise da propaganda do filme, tinha o que eu queria: sexo, amor, conflito e traição... Joguei no bicho e acertei: deu UNICÓRNIO na cabeça! :c) Havia tudo isso que eu disse, porém a linha básica do filme era sobre a Motivação de uma Traição: "O que nos faz trair; o que nos prende - naquele momento - àquela pessoa? Por que eu estou aqui, com você, enquanto a pessoa que eu disse que amo, esta ingênua, na cabine (do navio) me esperando? O que "Nos Faz" [?!] ROMPER A CORRENTE DO AMOR que gritamos aos quatro cantos do mundo, "Inquebrável"? ...


O Filme: 
Um drama explosivo de Roman Polanski, que explora as mais obscuras profundezas da perversão sexual, onde, Nigel (Hugh Grant) e Fiona (Kristin Scott Thomas) são um casal inglês (aparentemente pacato e feliz, embora morno) em segunda lua-de-mel (sete anos de casados), a bordo de um cruzeiro rumo à Índia. Por entre os monótonos jogos de cartas e os serões fastidiosos, ambos vão travar conhecimento com o americano Oscar (Peter Coyote) -deficiente físico de meia-idade, escritor com alta capacidade narrativa, amargo e manipulador - e a sua esposa francesa Mimi (Emmanuelle Seigner) - bastante mais nova que o marido, é uma sedutora jovem, muito mais jovem do que ele.

Este misterioso casal vai envolver Nigel e Fiona num perverso e misterioso jogo com resultados imprevisíveis. Nigel fica cada vez mais obcecado pela história e nutre um enorme desejo por Mimi (e Fiona percebe este movimento do marido*). No entanto, antes que isso aconteça, Nigel terá de ouvir a história que Oscar tem para lhe contar. 

Nigel e Fiona vão se tornar observadores e participantes numa tragédia de obsessões e paixões, nos limites do erotismo.

Após ouvir toda a história, Nigel acredita que finalmente vai possuir Mimi, mas o inesperado acontece. Percebendo o movimento do marido, Fiona se adianta (após avisá-lo: “Cuidado. Não há nada que você faça que eu não possa fazer melhor!) e acaba sendo *ela a dormir com a francesa!

Toda a história culmina com as duas mulheres dormindo nuas e abraçadas e os dois homens se enfrentando, todos no mesmo quarto. Até que Oscar puxa uma arma, dando fim a vida de Mimi e, logo em seguida, à sua própria; deixando a impressão de que essa era a única forma realmente de acabar com aquele tormento mas continuarem juntos.

DIRETOR 
Roman Polanski 

INTÉRPRETES 
Hugh Grant, Kristin Scott Thomas, Emmanuelle Seigner, Peter Coyote, Victor Banerjee, Sophie Patel, Patrick Albenque, Smilja Mihailovitch, Leo Eckmann, Luca Vellani, Richard Dieux, Danny Garcy, Daniel Dhubert.


- "Mas eu estou realmente apaixonado por você!"

- Por isso você nunca me terá!


...

“Cuidado. Não há nada que você faça que eu não possa fazer melhor!"  

...

Fidelidade, Erotismo, Poder e Incompetência de Abstração (risos), e Curiosidade permeiam este "pedaço de vida" traduzido neste filme. Mas, de tão intrigante, o filme dentre outras coisas, fala de traição de uma forma que eu particularmente nunca tinha vista nas artes (cinema, tv, documentário, seja o que for...). 

Não se ganhou o oscar de melhor roteiro original, mas deveria ter ganho. Deveria ter ganho o Oscar de melhor roteiro da Década de 90 :c) 

A infidelidade enquadra o filme, mas acompanhada, como tudo nesse mundo, do seu contrário: a lealdade a seus princípios - o casal que promoveu a Infidelidade de Ambos os parceiros do outro casal, por curiosa "contradição", foi quem se manteve LEAL aos seus princípios, literalmente, até o fim... Até a morte!   

Sobre o preço da Fidelidade e do seu contrário vi este estudo do psicanalista  Adam Phillips, muito interessante, onde ele diz: "Ser fiel é tão arriscado quanto trair"diz o psicanalista. Ele, então, responde às questões sobre o tema: 

P- A solução, no caso dessas pessoas, é a infidelidade?
R: Sim. E pode dar certo, mas sempre com conflito. Todo mundo tem ciúme sexual, ninguém suporta dividir seu parceiro de sexo. Alguns dizem que suportam, mas é impossível. Se amamos e desejamos alguém, não queremos dividi-lo com outros.

[...] Qualquer pessoa que te venda um prazer fácil está mentindo. Se o que queremos é prazer profundo, com troca entre pessoas, ele será difícil, cheio de conflitos.

P- Por que não considerar esses riscos tão atraentes quanto os riscos da traição?
R: Não fomos capazes de produzir relatos excitantes sobre a monogamia. Os bons romances são sobre adultério. Por isso, é difícil articular de forma interessante os prazeres da monogamia. Fica parecendo algo tedioso...

P- Hoje, temos mais opções para criar essa "história"?
R: Não sei. A cultura liberal oferece mais escolhas do que havia antes. Mas o capitalismo cria a ilusão de que temos muitas escolhas, quando na verdade temos muito poucas.

[...] A única escolha (de nossa cultura fútil) é ser feliz ou não. É isso que está sendo vendido como o único programa: quanto prazer você pode ter, quão feliz pode ser. Só que felicidade pode ser como uma droga, nunca satisfaz, você quer sempre mais.

Há coisas muito mais importantes que a felicidade: justiça, generosidade, gentileza


Do filme "LUA DE FEL":

Cuidado. Não há nada que você faça que eu não possa fazer melhor!"  

Até mais ver, pessoal!

Ednei;c[)